Alimento Funcional – parte 1

Alimento Funcional – parte 1

Alimento Funcional – parte 1

“Deixe o alimento ser sua medicina e a medicina ser seu alimento.” – Hipócrates (considerado o pai da Medicina).

Olá, tudo bem?

O post começou filosófico, não? 😁. E tem uma razão de ser… Bem, falam por aí que a gente é o que a gente come, não? Bem, eu diria que a gente é não só o que come, mas também o que absorve, o que escuta, o que fala, o que pensa, o que observa… O que alimenta a mente  (que deriva de tudo isso aí), pode nos curar ou nos matar, mas… Enfim, vamos aqui falar mais especificamente de comida, certo? Depois de conversarmos sobre Nutrição Funcional, vamos falar um pouco sobre os alimentos funcionais? Afinal, de que adianta entender o que é Nutrição Funcional sem saber quais alimentos podem nos ajudar com isso, correto?

Para que nosso organismo se mantenha funcionando de forma regular, equilibrada e plena (metabolicamente falando), precisamos fornecer a ele certos alimentos/grupos alimentares que possuem propriedades nutricionais e medicinais que contribuam para este equilíbrio.

O termo alimentos funcionais se refere a alimentos que, além de nutrir (por meio do valor nutritivo inerente à sua composição química), contêm outros nutrientes que beneficiam o organismo de outras formas, possuindo assim grande potencial para abrandar/reduzir a evolução de doenças e/ou promover e melhorar a saúde reduzindo, como consequência, os gastos relacionados à assistência médica.

Os alimentos funcionais exercem funções metabólicas específicas ou fisiológicas no organismo, atuando em seu crescimento, desenvolvimento, nutrição, proteção, entre outros, sendo assim considerados promotores da saúde. Portanto, eles enriquecem a dieta porque possuem substâncias capazes de prevenir o envelhecimento precoce, ajudar no funcionamento do intestino, permitir a redução da absorção de gorduras pelo organismo, reduzir o colesterol ruim e os radicais livres, fortalecer o organismo e reduzir as chances de desenvolvimento de doenças… Como exemplo, podemos citar as fibras alimentares, os minerais, os carotenoides, as vitaminas, as gorduras boas…

No Brasil, a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – regulamentou o assunto na Resolução nº 18 de 30/4/1999. De acordo com a Resolução, na verdade, não existe o termo “alimento funcional”. O que existe são alimentos com alegação de propriedades funcionais. O termo acabou sendo adotado na prática apenas para abreviar a explicação legal, facilitando a compreensão.

Propriedade funcional se relaciona ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não-nutriente tem nas diversas funções normais do organismo humano. Para um alimento/nutriente ser oficialmente considerado funcional no Brasil, ele deve se encaixar em determinadas categorias (que também citamos resumidamente ao afinal) e preencher certos requisitos, as chamadas alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde:

Alegação de propriedade funcional “é aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não-nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano.”

Alegação de propriedade de saúde “é aquela que afirma, sugere ou implica a existência da relação entre o alimento ou ingrediente com doença ou condição relacionada à saúde.”

Para se obter o registro de um alimento com estas alegações, deve ser formulado um relatório técnico-científico bastante detalhado, comprovando os benefícios e a segurança de seu uso. Além de tudo isso, a ANVISA ainda alerta que “o consumo dos alimentos/nutrientes funcionais deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Bem, mas então quem deve consumir os alimentos funcionais? Todos que querem uma alimentação saudável! Entretanto, para contar com todos estes benefícios que os alimentos funcionais promovem, devemos incluí-los na alimentação diária, porém atentando para a quantidade a ser ingerida dos componentes funcionais, pois em quantidades insuficientes ou excedentes, eles não só poderão não trazer os benefícios que possivelmente trariam se ingeridos de maneira adequada, como podem até trazer malefícios. Os benefícios só são alcançados se o consumo for adequado, o que, claro, varia de pessoa para pessoa, por isso a importância de consultar um médico ou nutricionista para a indicação individual correta.

Deve-se salientar, contudo, que os alimentos funcionais não substituem remédios! Talvez no tempo de Hipócrates isso tivesse sido possível, mas, na modernidade de hoje, infelizmente torna-se quase impossível levar à risca seus ensinamentos, embora não devamos nos furtar de sua sabedoria para tentar adaptá-la aos nossos tempos da forma mais preventiva possível! Remédio é remédio, alimento é alimento! Devem caminhar juntos e conforme o orientação dos profissionais habilitados para tanto (remédio é com o médico, prescrição nutricional/alimentar é com o nutricionista!)!

Os alimentos funcionais sozinhos, isoladamente, não podem garantir uma boa saúde, ou o emagrecimento, ou a prevenção ou a cura de doenças. Aliás, só existe um único alimento 100% completo e perfeito isoladamente: o leite materno, e mesmo assim, só o é apenas em determinada fase de nossas vidas.

Bem, voltando aos alimentos funcionais… Hábitos alimentares saudáveis, com uma dieta nutricionalmente equilibrada e ajustada às peculiaridades nutricionais e metabólicas de cada indivíduo, juntamente com um estilo de vida saudável (com atividades físicas regulares, baixo/nulo consumo de alimentos industrializados, ausência de fumo, baixo consumo de álcool…) são fundamentais na diminuição do risco de doenças e na promoção de qualidade de vida, da infância até o envelhecimento. E, principalmente no caso de doenças já instaladas, o remédio jamais deve ser substituído por alimentos funcionais, mas sim ambos devem trabalhar em parceria na promoção da saúde do indivíduo.

Outro ponto importante também é que os alimentos funcionais não substituem os alimentos frescos e naturais, como as frutas, as verduras e os legumes. Estes também devem ser consumidos diariamente, portanto, a dieta funcionalmente equilibrada deve manter tantos os alimentos funcionais como os alimentos frescos e naturais e minimamente processados.

Os alimentos funcionais podem ser classificados em: prebióticos, probióticos, fitoesteróis, antioxidantes, simbióticos e as fibras, além de outras substâncias e compostos funcionais. Sobre eles, falamos especificamente no post Alimento Funcional – parte 2, dá uma olhada lá!

Alguns exemplos de alimentos funcionais são: tomate, alho, azeite, chá-verde, uva vermelha, castanha-do-pará, peixes, gergelim, linhaça, lactobacilos, mel e outros. Aqui segue uma lista bem completa sobre diversos alimentos e suas propriedades funcionais. Vale uma consulta sempre que tiver dúvidas! Ah, não se esqueça de que esta lista sempre deve ser interpretada em conjunto com seu médico/nutricionista, ok? Lembre-se do que dissemos no post Nutrição Funcional! Afinal, se determinado alimento não faz bem à sua saúde, conforme comprovações científicas, não me parece prudente consumi-lo de forma habitual e/ou sem moderação, certo?

NUTRIENTES E NÃO-NUTRIENTES APROVADOS pela ANVISA e suas respectivas ALEGAÇÕES DE PROPRIEDADE FUNCIONAL:

  • Ácido graxos – Ômega 3/EPA E DHA“O consumo de ácidos graxos ômega 3 auxilia na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídeos…”. Encontrado em peixes como sardinha, salmão, atum, anchova, truta e arenque.
  • Carotenoides – Licopeno, Luteína, Zeaxantina –  “… tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres…”. Licopeno encontrado em tomate e derivados (molho de tomate, suco de tomate), goiaba vermelha, pimentão vermelho e melancia (frutas avermelhadas). Luteína, Zeaxantina encontrados em folhas verdes em geral (espinafre, couve, mostarda) e milho
  • Fibras Alimentares – Encontradas em aveia, centeio, cevada, leguminosas (feijões, ervilha, lentilha), frutas com casca.
    • Dextrina Resistente, Goma Guar Parcialmente Hidrolisada, Lactulose, Polidextrose“As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino…” “O consumo destes produtos deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”
    • Beta Glucana, Fitoesteróis  “A beta glucana (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de colesterol…”
    • Psillium “O psillium (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de gordura…”
    • Quitosana  – “A quitosana auxilia na redução da absorção de gordura e colesterol…”
    • Frutooligossacarídeos/FOS (prebiótico), Inulina “Os frutooligossacarídeos e a Inulina contribuem para o equilíbrio da flora intestinal…”
  • Polióis – Manitol, Xilitol, Sorbitol – “não produz ácidos que danificam os dentes. O consumo do produto não substitui hábitos adequados de higiene bucal e de alimentação”
  • Probióticos –  “… contribui para o equilíbrio da flora intestinal…”
  • Proteína de Soja  – “O consumo diário de no mínimo 25 g de proteína de soja pode ajudar a reduzir o colesterol…”

Bem, acho que deu para ter uma visão geral, não? E não se esqueça, sempre consulte seu médico e/ou nutricionista para informações mais adequadas ao seu perfil metabólico e de saúde. 

Obrigada pela sua leitura! Bjs e até o próximo post!

Referências: Einstein, Doce Limão, ANVISABiblioteca Virtual em Saúde – BVS MS

“As informações, dicas e sugestões contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e/ou acompanhamento de médicos, nutricionistas ou outros profissionais envolvidos na atenção à sua saúde.”

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