Glúten: entendendo mais sobre ele.

Glúten: entendendo mais sobre ele.

Glúten: entendendo mais sobre ele.

Olá, tudo bem?

Lembram que falamos sobre glúten no Glúten: definição e desordens alimentares. e deixamos um monte de questões em aberto? Então aqui vamos tentar respondê-las!

Precisamos consumir glúten? Que falta ele nos faz? Por que tantas pessoas hoje têm problema com o glúten e nossos antepassados não tinham? A dieta sem glúten é para todos? A dieta sem glúten é uma “moda”? Para quem ou para quê a dieta isenta/com redução de glúten é, de fato, indicada?

Bem, provavelmente você nunca ouviu falar que seus avós ou bisavós tinham tantos problemas com glúten, certo? Bom, isso pode ser justificado por…:

1 – Se eles tinham problemas, muito provavelmente nem sabiam e passaram a vida sem saber! As descobertas sobre os problemas causados pelo glúten e os exames/diagnósticos para detectá-los são mais recentes.

2 – O glúten de hoje é diferente do glúten de antigamente! E essa pode ser considerada a explicação mais plausível e, de certa forma, a que justifica também a primeira razão. Como assim? Vamos falar um pouco da velha história sobre o aumento de consumo de alimentos com o passar dos tempos…

Bom, quanto mais a população cresce, mais comida é necessária para alimentar as boquinhas, certo? Então, com o passar das centenas de anos, a agricultura precisou se desenvolver para poder produzir mais em menos tempo e dar conta de alimentar a crescente população mundial. Assim, os alimentos foram sofrendo modificações biológicas e genéticas para ficarem mais fortes, mais resistentes a pragas, mais duradouros, maiores, mais fáceis de produzir e de colher, etc e tal…

Estas modificações sofridas pelos alimentos, inclusive pelos cereais que possuem glúten – principalmente o trigo – alteraram a composição das proteínas – gliadina e glutenina – que formam o glúten, que se tornaram  proteínas centenas de vezes mais fortes que suas origens. E para essa novas super proteínas, nosso organismo não foi preparado para absorver e digerir! E isso pode acontecer com qualquer alimento. Nosso corpo não foi “programado” para tratar um alimento tão modificado. Sem falar das grandes quantidades de agrotóxicos utilizadas na agricultura atualmente. Por tudo isso é que nossos antepassados não sofriam de tantas doenças relacionadas ao glúten. O glúten de antigamente, da origem, com pouca ou nula intervenção humana, não continha tanto agrotóxico, não era biologicamente modificado e o ser humano estava mais preparado para digeri-lo. Hoje, com todas as mudanças, nosso organismo não se encontra preparado para digerir esse “novo” glúten, por isso, cada vez mais as desordens alimentares se tornam comuns. E assim a tendência é nos tornarmos cada vez mais intolerantes a essas modificações.

Sobre dieta, já sabemos que o glúten deve ser excluído da alimentação do celíaco e do portador de Dermatite Herpetiforme e pode ser reduzido nas demais situações. Claro que, na situação de redução, principalmente, a análise deve ser feita caso a caso para que a pessoa encontre seu grau de tolerância ao consumo de glúten. E aqui estamos falando de dietas por questões exclusivas de saúde.

No aspecto “melhora da saúde”, como um todo, dizem os especialistas que qualquer pessoa – mesmo que não diagnosticada com alguma desordem alimentar específica latente sobre o glúten – sente benefícios com o simples fato de diminuir seu consumo, isso porque, como dissemos aqui, existem centenas de estudos que mostram que o glúten afeta diversos órgãos no nosso organismo, não só o intestino. E com o glúten modificado do jeito que está hoje, é facilmente previsível que boa parcela da população já tenha ou tem grandes chances de vir a ter problemas com o glúten. É fato que hoje o glúten é um alimento alergênico e seu não-consumo compõe uma alimentação anti-inflamatória.

Como dissemos, nosso organismo não é preparado para tolerar o glúten de hoje. Não podemos esquecer que nosso organismo é uma máquina, se qualquer peça não está funcionando bem, todo o restante da máquina é afetado… Se você sempre consumiu determinado alimento e, ao testar ficar um período sem consumi-lo, nota benefícios no seu organismo (melhora de disposição, melhora na aparência da pele, menos cansaço, melhor trânsito intestinal, melhor sono, menor distensão abdominal, etc…), bem, é nítido que aquele alimento não te faz tão bem, certo? Seja lá qual a razão específica (ligada a qual nutriente ou reação química específicos), mas não dá para negar o fato. Claro que você deve buscar o diagnóstico específico com médico e nutricionista até para verificar a forma correta de tratamento Foi o que aconteceu comigo…

Esse teste pode ser feito com o trigo, por exemplo. Ninguém ficará doente ou desnutrido se reduzir o trigo por um alguns dias, até porque, ele, como QUALQUER OUTRO ALIMENTO, ele não é capaz de reunir todos os nutrientes que nossa complexa máquina precisa, a alimentação adequada, equilibrada, é a soma de um conjunto de alimentos consumidos de forma variada e suficiente… Aliás, em regra, a mesma coisa acontece com o leite (já falamos aqui de alergias e intolerâncias dele também). Porém, não vá sair retirando um monte de alimentos da sua rotina sem consultar um profissional de saúde (médico ou nutricionista) antes… Por exemplo, veganos e vegetarianos precisam de ajuda profissional para verificar a melhor forma de substituir os nutrientes encontrados nas carnes. Se assim não fizerem, podem sim sofrer deficiências nutricionais sérias.

Eu fiz essa teste de retirada momentânea de trigo da minha rotina e falo sobre isso em minha apresentação no blog. Na época em que criei o blog, não tinha realizado qualquer exame para checar problemas de saúde relacionados ao glúten mas, por opção, diminui muito o consumo, e obtive ótimos resultados… Questões de pele, disposição geral… Questões de digestão e intestinais, então, nem se fale! E de lá pra cá, as coisas foram se modificando, até que fiz exames clínicos para comprovar o que eu já sabia, ou melhor, sentia, ou seja, que tenho sim certo grau de intolerância ao glúten… E hoje, já aprendi a trocar o trigo (que era o que mais consumia mesmo em relação aos demais cereais: aveia, centeio, cevada) por diversos outros alimentos e não fiquei subnutrida por isso! 

Já em se tratando de emagrecimento, inexiste indicação formal de dieta com restrição de glúten. O glúten é proteína e não carboidrato, portanto não é seu consumo exagerado que “faz engordar”. O trigo é a fonte de carboidrato, o o glúten faz parte do trigo! O que ocorre, na realidade, é que, na tentativa de excluir o glúten da alimentação, acaba-se excluindo a grande maioria dos alimentos nossos do dia-a-dia, que são feitos de trigo, acrescidos, geralmente, ainda, de muita gordura e açúcar (massas, molhos prontos, cerveja, pães, bolos, bolachas…). Assim, consequentemente, se reduz o consumo de carboidratos  (trigo e açúcar) presentes nos alimentos e de gorduras e, assim, ocorre naturalmente uma diminuição na ingestão de calorias e a consequente perda de peso. A retirada do glúten por si só não emagrece (isso porque nem estamos entrando no tema “emagrecimento” de forma mais profunda, eis que emagrecimento vai infinitamente mais além da simples redução/exclusão de um ou outro alimento).

Por tudo isso, posso afirmar: não, a dieta sem glúten não é uma moda. O excesso de glúten na alimentação é uma realidade séria por causar problemas de saúde para muitas pessoas (do “simples” desconforto abdominal às mais sérias deficiência nutricionais). Portanto, eventual redução de glúten poderia ser indicada para todos (assim como a redução de açúcar, por exemplo, também, por quê não?) e não só para as pessoas clinicamente diagnosticadas como portadoras de alguma desordem alimentar. E se você está reduzindo o consumo de glúten por um longo tempo, só para emagrecer, por achar que é moda, cuidado, isso até pode funcionar a curto prazo, mas poderá te custar mais caro adiante, ou pior, você pode estar reduzindo e não se informando sobre as melhores/mais inteligentes substituições e assim acabar não emagrecendo e ainda piorando seu quadro nutricional.

Bom, e para finalizar: o que o mercado de alimentação diz sobre tudo isso? Por ser um problema sério de saúde, há lei sobre o assunto.

Hoje, todos os alimentos vendidos embalados (que assim não tenham sido na presença do consumidor) devem apresentar obrigatoriamente* a informação “CONTÉM GLÚTEN” ou “NÃO CONTÉM GLÚTEN”. A resolução RDC 26/2015 da Anvisa trata dos requisitos para a rotulagem obrigatória dos principais alimentos alergênicos: trigo (centeio, cevada, aveia e suas estirpes hibridizadas); crustáceos; ovos; peixes; amendoim; soja; leite de todos os mamíferos; amêndoa; avelã; castanha  de caju; castanha do Pará; macadâmia; nozes; pecã; pistaches; pinoli; castanhas, além de látex natural. Os rótulos informam de forma clara a existência do ingrediente alergênico ou de seus derivados da seguinte forma:

  1. “Alérgicos: Contém (nomes comuns dos alimentos alergênicos)” ou
  2. “Alérgicos: Contém derivados de (nomes comuns dos alimentos alergênicos)” ou
  3. “Alérgicos: Contém (nomes comuns dos alimentos alergênicos) e derivados” ou
  4. “Alérgicos: Pode conter (nomes comuns dos alimentos alergênicos)” – nos casos em que não for possível garantir a ausência de contaminação cruzada dos alimentos (que é a presença de qualquer alérgeno alimentar não adicionado intencionalmente, como no caso de produção ou manipulação).

Essas advertências devem estar agrupadas imediatamente após ou logo abaixo da lista de ingredientes e com caracteres legíveis, em caixa alta, negrito e cor contrastante com o fundo do rótulo.

Ou seja, basta ficar atento aos rótulos! E mesmo assim, nunca deixe de ler todos os componentes, mesmo quando o produto apresentar a informação “NÃO CONTÉM GLÚTEN”… Na dúvida, não consuma antes de esclarecê-la com o produtor/fornecedor.

Além disso, atente principalmente para as empresas que, apesar de apresentarem a informação “NÃO CONTÉM GLÚTEN”, manipulam outros alimentos/produtos com glúten/derivados no mesmo ambiente de produção… Estes fabricantes, por desconhecimento ou até por negligência mesmo, ignoram os riscos da contaminação cruzada, que pode se dar:

  • durante a plantação e/ou colheita,
  • na armazenagem,
  • no transporte,
  • no processo de fabricação ou
  • no processo de embalagem.

Consuma preferencialmente alimentos de fornecedores que trabalhem exclusivamente com produtos sem glúten (e derivados). Não se esqueça também que os fabricantes podem alterar a composição dos alimentos a qualquer momento, portanto, sempre leia os rótulos antes de comprar ou consumir. E sempre consulte seu médico e/ou nutricionista para acompanhamento de sua dieta e muita atenção nas receitas!

Bom, espero ter conseguido ajudar um pouco esclarecendo sobre este assunto. Sei que, à primeira vista, o cenário pode parecer desanimador… Mas calma, não é! Este blog ainda trará muitas dicas de alimentos sem glúten (veja Guia em Alimentos) e saborosas receitinhas (veja em Livro de Receitas)!  Viver sem glúten é possível e pode sim ser delicioso! Para mais informações, vejam também: Acelbra, Anvisa, Fenalbra.

E não se esqueça, sempre consulte seu médico e/ou nutricionista para informações mais adequadas ao seu perfil metabólico e de saúde. 

Obrigada pela sua leitura! Bjs e até o próximo post!

* Informação obrigatória nos produtos, Lei Nº 10.674/03.

“As informações, dicas e sugestões contidas neste blog têm caráter meramente informativo e não substituem o aconselhamento e/ou acompanhamento de médicos, nutricionistas ou outros profissionais envolvidos na atenção à sua saúde.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Translate »